O BATISMO DE JESUS
Pe. Eliseu Oliveira
A cena do Batismo de Jesus narrado pelo Evangelista Marcos (Mc 1,9-12) é primeira aparição de Jesus no evangelho, já que Marcos não escreveu sobre o nascimento e a infância de Jesus.
Além disso, é um evangelho mais resumido do que os outros e a razão disso pode ser porque, além de ser o primeiro a ser escrito, Marcos redigiu a história de Jesus em meio a um conflito com o Império Romano e diante de uma forte perseguição, onde os apóstolos Pedro e Paulo foram mortos. A intenção do evangelista era não deixar morrer a memória de Jesus e por isso escreveu somente o essencial da mensagem Cristã: que Jesus era filho de Deus, anunciou o Reino, formou discípulos, foi condenado, morto, sepultado e ressuscitou dentruíndo o mal e a morte.
Para Marcos, não é o nascimento do Filho de Deus o mais importante, mas o Batismo e a unção do Espírito Santo, que torna Jesus capaz de operar a nossa salvação. No Batismo de Jesus, o céu se rasga, simbolizando que não há mais algo que nos separa de Deus, pois o próprio Deus está junto conosco, assim como na hora da sua morte, o véu do Templo se rasga, não há mais separação entre o sagrado e o profano, pois Jesus é, ao mesmo Tempo, Deus e homem. Pela sua morte e ressurreição, nós temos acesso ao Pai pelo Espírito que ressuscita Jesus dos mortos.
O que nos faz refletir é porque Jesus se submeteu ao batismo de João, que era um batismo de penitência para o perdão dos pecados, sabendo que Jesus era justo, de natureza divina, mas humano como nós e semelhante a nós em tudo, menos no pecado?
A explicação que se obteve ao longo da tradição cristã é que Jesus quis se submeter ao batismo de João para dar ao batismo um novo significado, não somente de que aceita entrar em um grupo e passa pelo rito de acolhida e de iniciação, mas participa simbólico-sacramentalmente da vida, da morte e da ressurreição de Jesus, é incorporado em Cristo e, por isso, também incorporado à Igreja que é o corpo místico de Cristo.
O batismo, por isso, não é somente um sinal externo de conversão, mas é a atuação da graça de Deus que faz morrer para o pecado e ressuscitar para uma vida nova, uma vida no Espírito.
A vida nova que recebemos no batismo requer atitudes que correspondem a uma vida de santificação e de seguimento de Cristo. Ser santo não é ser perfeito, mas fazer um caminho de crescimento na fé, de misericórdia, de serviço, de vencer o egoísmo e o orgulho.
A vida nova em Cristo no Batismo consiste em viver em comunidade, a Igreja que é chamada corpo místico de Cristo. Pelo Batismo, somos constituídos membros da Igreja e missionários do Reino. Mas somente o batismo não basta para a salvação e para ser um autêntico discípulo missionário. É preciso um caminho de aprofundamento na mensagem e na pessoa de Cristo, chamado de iniciação Cristã. Esse percurso é feito pelo conhecimento da Palavra, principalmente pela leitura orante, pessoal e comunitária. Pela prática dos sacramentos. Pela vivência do amor e da caridade, sobretudo aos mais necessitados.
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