No Evangelho são reveladas as atitudes que podemos ter diante de Deus através de duas personagens: Marta e Maria. A cena acontece em uma localidade que o evangelista não diz onde é. Ele fala em um povoado qualquer. O evangelista João vai localizar em Betânia, a casa de Marta e Maria, irmãs
de Lázaro, que Jesus ressuscitou dos mortos. Jesus tem Lázaro como um grande amigo e até mesmo chora pela sua morte. Provalmente, então, é também muito amigo de Marta e Maria. Avaliando as atitudes das irmãs, Marta está preocupado em acolher bem o visitante, preparando o local, pois a hospitalidade para os judeus era algo de extrema importância e sinal de
amor e cuidado com o hóspede. Maria, porém, estava preocupada em ouvir a mensagem que Jesus vinha trazer. Ao invés de servi-lo, Maria procurava aprender com aquele que veio para servir e não para
ser servido. Jesus Cristo, a Palavra de Deus que veio ao mundo, não trouxe propriamente um mensagem da parte de Deus, Ele mesmo era a mensagem. Jesus não tinha um conteúdo para revelar, tudo o
que ele dizia e fazia revelava o amor de Deus. Estar próximo de Jesus, dos seus gestos e palavras, era estar próximo de Deus e do Reino.
Jesus era o próprio Reino de Deus que irrompia no meio da história, por isso
ele dizia, o Reino de Deus se faz próximo de cada um que se deixa alcançar pela graça de Deus que se faz presente no Filho Amado. Hoje falamos que o ser cristão não inicia com uma ideia ou um opção ideológica, mas com um encontro pessoal com Jesus Cristo, capaz de transformar o nosso modo de ver
e agir. O Evangelho, portanto, não é uma mensagem edificante, pois de mensagens edificantes e que melhoram a auto-estima o mundo está cheio. O Evangelho é uma pessoa que ama, que tem misericórdia,
que sofre diante das injustiças e das nossas más escolhas, quando não acolhemos a graça de Deus e escolhemos o mundo do pecado, do egoísmo e da prepotência. O Cristão é alguém que está aos pés de Jesus, ouvindo a sua Palavra e se deixa transformar pelo convite de Jesus: vem e segue-me. A transformação do cristão
é a abertura, a saída de si, da sua autorreferencialidade, dos seus projetos pessoais, para colocar diante de si o plano de Deus, o serviço aos irmãos. Estar aos pés de Jesus é o caminho da oração e do cultivo interior, em um mundo de correrria, onde o que é valorizado é a ação, aquilo que aparece,
a imagem que construímos de quem somos e não o que somos verdadeiramente.
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