Encontro 13: O perdão cura


 Evangelho - Mt 18,21-19,1
Naquele tempo:
21Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou:
'Senhor, quantas vezes devo perdoar,
se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?'
22Jesus respondeu:
'Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.
23Porque o Reino dos Céus é como um rei
que resolveu acertar as contas com seus empregados.
24Quando começou o acerto,
trouxeram-lhe um que lhe devia uma enorme fortuna.
25Como o empregado não tivesse com que pagar,
o patrão mandou que fosse vendido como escravo,
junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía,
para que pagasse a dívida.
26O empregado, porém, caíu aos pés do patrão,
e, prostrado, suplicava:
'Dá-me um prazo! e eu te pagarei tudo'.
27Diante disso, o patrão teve compaixão,
soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida.
28Ao sair dali,
aquele empregado encontrou um dos seus companheiros
que lhe devia apenas cem moedas.
Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo:
'Paga o que me deves'.
29O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava:
'Dá-me um prazo! e eu te pagarei'.
30Mas o empregado não quis saber disso.
Saiu e mandou jogá-lo na prisão,
até que pagasse o que devia.
31Vendo o que havia acontecido,
os outros empregados ficaram muito tristes,
procuraram o patrão e lhe contaram tudo.
32Então o patrão mandou chamá-lo e lhe disse:
'Empregado perverso, eu te perdoei toda a tua dívida,
porque tu me suplicaste.
33Não devias tu também, ter compaixão do teu companheiro,
como eu tive compaixão de ti?'
34O patrão indignou-se
e mandou entregar aquele empregado aos torturadores,
até que pagasse toda a sua dívida.
35É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco,
se cada um não perdoar de coração ao seu irmão.'
19,1Ao terminar estes discursos,
Jesus deixou a Galiléia
e veio para o território da Judéia além do Jordão.
Palavra da Salvação.
 
 A NECESSIDADE DE PERDOAR

Pe. Eliseu Oliveira


No Evangelho de Mateus, Jesus administra aos discípulos uma catequese sobre o perdão.
O assunto surge da pergunta do apóstolo Pedro: quantas vezes perdoar se o irmão pecar contra mim? Até sete vezes? Jesus responde: não somente sete vezes, mas setenta vezes sete, ou seja, estar sempre em atitude de perdão. Para explicar melhor, Jesus usa a parábola do Senhor que perdoou a dívida do empregado, mas o empregado não perdoou a dívida do colega. Ou seja, aquele que foi tratado com misericórdia não usou de misericórdia.
Com isso, Jesus quer lembrar que Deus é misericordioso conosco, mas precisamos agir com misericórdia com nossos irmãos. Hoje, como cristãos, discípulos missionários, sabemos que Deus nos pedoou em Jesus Cristo oferecido na cruz pelo perdão de nossos pecados. Este perdão oferecido que se deu no gesto de amor e de entrega de Jesus, deve nos levar a perdoar. Amados, a amar. Chamados, a chamar.
A capacidade de perdoar começa, portanto, na admissão de que todos somos pecadores. Como pecadores, por isso, imperfeitos, capazes de falhar, capazes de fazer o mal uns aos outros. Quem diz: que sou perfeito, tudo o que penso e digo é certo e não preciso me arrepender de nada... já se tornou incapaz de perdoar. Só é capaz de perdoar as falhas dos outros que também se reconhece limitado e capaz de falhar.
Depois de se perceber pecador, ser capaz também de se sentir perdoado, abrindo-se à misericórdia de Deus. E para chegar a isso, passa-se antes pelo reconhecimento da falta, a decisão de mover-se em direção à conversão, à mudança de vida, o sacramento da confissão e o acolhimento da graça que nos restitui a dignidade dada no batismo.
Na oração rezamos: “Perdoai as nossas ofensas assim como perdoamos a quem nos tem ofendido”. De fato, quem não se reconhece pecador, não é capaz de perdoar. E que não perdoa, também não receberá o perdão de Deus no dia do juízo, porque antes não se reconheceu pecador.
Seria indiferente perdoar ou não perdoar? Que diferença faz? Ser capaz de perdoar é também ser capaz de não carregar o peso do ressentimento, do pensamento que se fixa no mal que nos foi feito e não na graça que Deus nos oferece todos os dias. Ser incapaz de perdoar é ser pessimista diante da vida, pois constantemente se cobra e cobra a Deus que “tudo poderia ser melhor se não fosse aquela injustiça, aquela traição, aquela ofensa”... mas também se pode pensar... tudo aconteceu para que eu me desse conta de quem era aquela pessoa que me ofendeu, que me traiu, que fez injustiça contra mim e que eu sou mais forte do que eu pensava, porque Deus me ama e eu mesmo me valorizo. Por isso, vou levantar a cabeça e vou seguir em frente, porque ninguém é perfeito, nem mesmo eu sou, eu tudo serve de aprendizado.
Embora na teoria seja fácil, cada um sabe o que passa em seu coração, a mágoa que ainda carrega. Por isso, pedimos sempre a Deus que nos ajude a perdoar, para que possamos voltar a alegria de viver e que sejamos mais humildes ao reconhecer que não somos perfeitos e também precisamos do perdão de Deus e dos nossos irmãos.

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